quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Tenho vindo aqui pouco, tenho pouco para dizer. Porque agora a vida até vai correndo bem, porque divido este espaço com outro, porque às vezes tenho coisas para dizer mas não tenho o pc à frente, porque às vezes tenho o pc à frente e não tenho nada para escrever, porque, porque.....
Mas estou viva, e bem, e recomendo-me!

sábado, 2 de novembro de 2013

Das coisas que me assustam

Consumimos pessoas como consumimos tudo o resto nas nossas vidas. Se vamos a passar numa loja que tem qualquer coisa, cuja utilidade até seja questionável, mas o preço é aliciante, acabamos por comprar, por adquirir, porque isso nos conforta.
O mesmo acontece com as pessoas. Consumimo-las porque nos dá jeito, porque gostamos delas e porque gostamos do que elas despertam em nós. No fundo, é nos outros que buscamos aquilo que nos preenche. Depois aparece sempre alguém que nos dá mais jeito, que nos faz sentir melhor, de quem precisamos. E procedemos à troca.
Nisto da maturidade, aprendi que toda a gente é perfeitamente substituível, basta que as escolhas recaiam sobre o que nos convém. Isto assusta-me. Deveras.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Tenho um colega que me diz muitas vezes: deus mandou-nos ser bonzinhos, não nos mandou ser parvos. Eu rio-me sempre, porque sei que ele tem razão. Mas depois ponho-me a pensar na quantidade de vezes que estou a ser boazinha ou que poderei estar a ser parva. Tento ser a maioria das vezes boazinha, mas quando não sou, não sei se estarei a deixar de ser parva ou se estarei a ser má.

De qualquer maneira, ando a treinar (já há algum tempo) para ser menos boazinha, mais má e menos parva.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Mais uma voltinha

Bem, mais uma vez me inscrevi no ginásio (outro diferente, para variar um bocadinho), mas como vou com companhia espero que me consiga manter por mais meses do que o normal.

Temo que se não descarregasse energias de alguma maneira, mais cedo ou mais tarde iria rebentar. E como rebentar não é comigo, porque sei ser muito desagradável achei melhor canalizar energias para outro lado e tentar retirar de uma vez por todas este excesso de camada que tenho.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Disto das pessoas é coisa complicada

Isto das relações com as pessoas é coisa para ser para lá de complicado. Não sei se é desta crise, se as pessoas andam mais ansiosas, infelizes e esgotadas, que parece que revelam o pior que há nelas. Detesto decepcionar-me com quem quer que seja sobretudo a quem tenha dado um voto de confiança e que faça parte da minha vida. A primeira coisa que penso quando as atitudes começam a comichar-me é sempre: o que poderei ter feito errado. Sentimento de culpa. Como diz uma amiga minha nutricionista, vivemos numa sociedade religiosa-católica, portanto o sentimento de culpa está sempre lá. Até na nossa relação com a comida, diz ela. E tem razão. Mas adiante, faço sempre a pergunta a mim mesma. Depois falo com alguém para que me diga sinceramente se são coisas da minha cabeça ou não. Em não sendo, é pior porque afinal constato que as coisas são como são e são assim mesmo. E ando ali a remoer se será mesmo verdade que eu possa ter essa ideia das pessoas. E depois faço uma viagem no tempo e começo a somar tudo. Geralmente uma atitude nunca vem isolada e quando nos apercebemos é porque já temos uma coletânea de pequenos nadas que nos comicham, mas não nos tiram o sono. Depois há aquele dia em que ficamos mesmo irritadas e que se calhar tudo é como é e nós, que nem sempre temos que ter a culpa, ficamos a pensar que merda de mundo é este e que pessoas são estas que me rodeiam. 

O que levar daqui

Gostava mesmo de chegar ao final de janeiro do próximo ano, fazer as malas e viajar mundo e voltar daí a seis ou sete meses. Gostava mesmo. Não sei bem o que vou levar desta vida, mas temo chegar aos 70 anos e saber que podia ter feito tanta coisa que não fiz.

Sou rapariga para pensar numa vida convencional, com um estilo de vida convencional, mas eu não sou uma rapariga convencional e talvez seja por isso que não me acontecem as coisas convencionais. Aquelas coisas que acontecem a toda a gente e toda a gente é (supostamente) feliz com elas.

Preciso constantemente de mudanças, adoro fechar portas (ainda que me custe para caraças), adoro começar de novo (mesmo que com medo). O sabor igual à comida de todos os dias, as conversas sem sal, a rotina, o mais-do-mesmo, tiram-me do sério.

Não sei o que vou levar desta vida mas espero que possa olhar para trás e ficar feliz com o que levo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O pior de nós

O pior de nós fica para nós, guardado naquele pedaço de alma que só nós conhecemos. Encarar o pior de nós é fazer aquela viagem tão difícil em que sabemos que depois de nós, existe o nós, aquele nós que tantas vezes desculpamos.

Detestaria ser perfeita, embora diariamente faça um julgamento das minhas ações. No final do dia, sou melhor do que pior. Privilegiados dos que continuarem a ter o melhor de mim. Aos outros, a esses, não lhes resta nada, ou muito pouco...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Depois de passar em revista o meu blog

Descobri que escrevo coisas muito parvas. Que gosto mais dos meus textos de duas linhas do que os meus textos compridos. Que me lembro exatamente de como me estava a sentir quando escrevi certas palavras. Que não sei se algum dia vou voltar a ler tudo outra vez. Que me consigo rir do que escrevo. Que representam meses na minha vida que não voltam (benza deus). Que inclui pessoas que já estão cá pouco. Que duvido que para além de mim, mais alguém leia isto. Que enquanto me der prazer, continuarei aqui. É isto!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Daqueles dias....

Outro dia uma amiga minha comentou que passou num café por um grupo de adolescentes e que sentiu uma saudade, uma nostalgia daqueles tempos. Não pela idade em si, porque somos todos uns parvinhos nessa altura, mas da leveza com que vivíamos as coisas. Os dias eram compridos. O resto da vida parecia-nos tão longe. Podíamos tomar decisões menos boas porque havia tempo de nos redimirmos delas. Faziam-se planos em grande escala. Prometíamos amizades eternas. Fazíamos juras de amor. Vivíamos na base da simplicidade, dos encontros nos cafés, nos dias de praia compridos. Os nossos filhos haveriam de crescer todos juntos e ao mesmo tempo. Trabalharíamos num sitio muito bom. Viajaríamos por esse mundo fora. Riamos de piadas parvas. Escrevíamos cartas e bilhetes e nos cadernos da escola.

Volvidos 15 anos, não somos tão parvinhos. Os dias são mais curtos e passam a correr. As decisões erradas fazem-nos mossa, os planos são para amanhã, as amizades não são eternas, as juras de amor renovam-se com a pessoa certa e a errada, ou ambas ou nenhuma delas, os dias no café duram trinta minutos, os dias de praia dividem-se, os nossos filhos não vão nascer ao mesmo tempo nem crescer juntos, trabalhamos num sitio que não foi o nosso ideal, viajamos o quanto baste, enviamos e-mails, sms e postamos a vida nas redes sociais. 

Não é bom nem mau, é diferente. O que dá saudade não é a vida que temos, que ainda assim é boa. O que dá saudade é daquela leveza de espirito, da esperança renovada, do futuro ser tão, mas tão longe que reservámos em nós a esperança que poder ter e ser tudo. 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Da minha casa

As últimas coisas a sair da minha casa foram as minhas plantas e eu. Depois de três anos certinhos naquela casa, acabei por ter que a deixar, por força das circunstâncias. Não olhei muito para ela quando fechei a porta, mas sei que chorei dias a fio antes de fazer a mudança. Acordava por volta das 6 da manhã, sem conseguir dormir mais e chorava por todas as memórias que iria deixar ali guardadas, por todas as rotinas que acabei de abandonar. Aquela casa foi a minha casa durante três anos e nela guardo momentos muito bons e momentos menos bons.
Não sei se essa angústia se devia à casa em si, mas às memórias que dela guardo e de todos os momentos em que ri e chorei com pessoas que são e outras que foram muito importantes para mim. Sei que no dia que fechei aquela porta não o fiz apenas em sentido físico, mas num sentido muito mais profundo. E sei que quando fecho uma porta, não olho mais para trás. Vou e pronto. E sei que assim que fecho uma porta raramente vou abri-la de novo, mesmo que agora me fosse possível voltar.
As recordações ficam comigo, não as apago com a facilidade que fecho uma porta, mas até essas se vão dissipando com o tempo e espero reter dali as únicas que merecem ser retidas: as melhores de sempre. Todas as outras vão fazer parte do meu percurso e servirão para eu me lembrar do que fui em determinadas alturas e que espero não voltar a ser. Sei que a casa para onde vou voltar em breve terá sempre a porta aberta, mas não para todas as pessoas e tampouco da mesma forma.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Livros do ano #9


Quando nestas férias encaixotei as minhas coisas todas por causa da mudança de casa, o único livro que me tinha sobrado para ler nas férias era As intermitências da morte, de Saramago. Ora como não estava com vontade de ler Saramago nas férias, decidi comprar na Fnac do Porto a Madame Bovary, para ler. Já o terminei e só me resta comentar que esta Emma, ó filha, tu pões qualquer um com os cabelos arreganhados! E como se  não bastasse, levaste contigo toda a gente para a cova! Não era preciso tanto!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Estes meus dias de ausência tinham tudo para serem perfeitos e de facto foram. Numa viagem combinada em cima da hora, com os sítios marcados em cima do joelho, as minhas férias foram simplesmente fantásticas.
Com o mapa de estradas no carro e o depósito cheio, descobrem-se maravilhas por esse Portugal fora. Optando pelo norte do país, que é mais sossegado e barato, a viagem seguiu o rumo que quisemos e apesar das horas de viagem de carro, fizemos tudo o que nos apeteceu e sobretudo cumprimos o objectivo que era relaxar a cabeça e o corpo.
As pousadas da juventude estão cada vez melhores (autênticos hotéis) e as pessoas de uma simpatia que já me esquecia que havia.
A minha companheira de viagem também ajudou a que tudo corresse muito bem. Apesar de não nos conhecermos muito bem (só mesmo do local de trabalho) entramos numa sintonia porreira, sem stresses e sem cobranças. O tempo era tão longo ou tão curto que me esqueci das horas e dos dia da semana. A única coisa que tínhamos que decidir era se nos apetecia ficar ou partir.
E a  única coisa que me apeteceu assim que cheguei a casa, foi partir novamente. A minha casa é por aí, sem um pouso certo.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

So far so very good

Gostava de poder escrever mais e melhor sobre asminhas férias, mas infelizmente não atino com estas novas tecnologias e portanto pasei só para dizer que está tudo mais que bom, que estou viva e feliz.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Hit the road

Já tenho o meu plano de férias. O cartão das pousadas da juventude chegou e com sorte consegui lugar em todas em quarto duplo (para mim e para a minha companheira de viagem). Assim, vou sair de Lisboa em direcção a Aveiro. Depois subo e vou até ao Porto, que é uma cidade que gosto imenso e já lá não vou há muito tempo. Do Porto sigo para Guimarães (já fui muito feliz em Guimarães, já agora). De Guimarães parto para Braga e acabo no Gerês. Ora portanto são seis noites e sete dias a viajar pelo norte, cada noite num sítio diferente. O tempo acho que também vai ajudar e estou contanto os dias (só faltam dois, também já não falta tudo).

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Já tenho o meu cartão das pousadas da juventude renovado. Agora só me falta escolher o dia, encher o depósito, traçar um percurso e fazer-me à estrada. E que venham uns belos dias de descanso, de energias renovadas, de ideias novas e quem sabe de gente nova. Precisa-se urgentemente de gente nova e de bem com a vida.

terça-feira, 30 de julho de 2013

A uma dia de entrar de férias e não quero crer que estes meses passaram a correr. Agora só quero parar um bocado, pôr as ideias no lugar, descansar a cabeça e falar pouco. Estou numa fase em que tudo me irrita. Ouvir o que os outros têm para me dizer é insustentável. Acordar cedo para ir trabalhar é penoso.
Só falta mais um dia e espero que passe rápido. É a minha sanidade mental que está em causa.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Da gratidão

Por mais que haja dias em que a paciência seja pouca, ou que a conversa não nos diga nada. Por mais que haja dias que não nos apetece determinadas pessoas, determinadas situações ou determinados desabafos. Por mais que haja dias que a irritação toma conta de nós, é aqui e agora e sobretudo nestes dias que não nos podemos esquecer dos tantos momentos em que também precisamos e as pessoas estiveram lá para nós. 

Se há coisa pela qual sou grata é ter uma boa memória que permita que não me esqueça das pessoas e de todas as situações em que me senti um farrapo e elas me abriram a boca para me enfiar comida lá dentro. 

Hoje, e avaliando certas situações reconheço um dramatismo exagerado, mas na altura quem é que nos convence do contrário? E com ou sem dramatismo, o que é certo é que há pessoas na minha vida que sempre que eu precise de alguma coisa (seja de um cigarro, de dois dedos de conversa, de um antibiótico ou de comida pela goela abaixo) estão lá. Saem de casa e tocam à campainha. Mexem-se. E não me fazem sentir sozinha. 

E isto é daquelas coisas que não se pode esquecer, em nenhum situação. Sobretudo porque muitas vezes estas atitudes veem de quem nós menos esperamos. As pessoas mais improváveis são aquelas que, inesperadamente nos surpreendem, nos ajudam e nos levantam. Gosto cada vez mais das pessoas improváveis. Vão ganhando espaço em mim, dentro de mim. 

E pondo tudo e tanta coisa em perspectiva, onde estavam em certas alturas, as pessoas mais prováveis? 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Naquela noite voltara a rezar. Mesmo que a sua crença em deus tenha ficado adormecida durante anos e que as suas orações antes de dormir tenham progressivamente sido esquecidas. Naquele dia ela voltara a rezar. Ainda sabia a oração de cor. Rezou baixinho. E não pediu muito.

Naquele dia ela voltara a rezar. A sua fé tinha voltado, não porque estava desesperada, mas porque precisava de acreditar piamente que deus não é aleatório, que não manobra as nossas vidas por capricho. Ela precisava de acreditar que havia um plano melhor, um plano novo, um plano maravilhoso que lhe mostrasse que tudo se passou assim porque não havia como ser de outra maneira. 

Naquele dia ela voltara a rezar, e no dia seguinte também, e no outro...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Tenho amigos tão bons e tão queridos que sabendo da minha panca pelo Santo António, já me ofereceram mais um. A coleção já vai ficando composta. Sempre que veem um, feito em artesanato e com ar castiço, compram-me para me oferecer. Há gente fantástica.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Disto dos smartphones e de como passamos a ter reacções esquisitas

Há cinco anos que uso o mesmo telemóvel e portanto este modelito que trago comigo ainda tem teclas e manda mensagens e faz telefonemas. Só. Ponto. E tenho vivido bem feliz com ele. Acontece que este modelito está cansado e já não rende como rendia. Já foi parar muitas vezes ao chão, já apanhou água, areia e tareia. De resto tem-me servido na perfeição.

Em idade de reforma, impera que tenha que comprar um novo, mas temo ceder à tentação de fotografar aquelas coisas magnificas e previsíveis da época. Ele é bolas de berlim na praia, ele é dedinhos na areia, ele é concertos de verão, ele é a água do mar, ele é as crias a crescer, ele é a sardinha assada. E depois, os status sempre previsíveis: ai que calor tão bom, finalmente chegou o verão, concerto brutal, cansada do trabalho, governo a cair, frases feitas que caem que nem tordos porque afinal está ali tão à mão.

Pois que com tanta indecisão ainda não fui capaz de o trocar. E se de repente me dá a travadinha do 'deixa lá dizer ao mundo onde ando?'.

A partir de quando os menos dão mais?

Tornarmo-nos optimistas numa altura em que tudo é tão cinzento é difícil, mas possível. Basta começarmos as frases todas com: ao menos. Vejamos, entreguei a casa que tinha arrendada há três anos numa zona que adorava, mas que, em virtude de me estar a sair muito cara vi-me obrigada a sair. Mas, ao menos tenho uma outra casa para onde posso regressar já que a família nuclear foi saindo toda e a casa acabou vazia.

Os meus dias são menos trabalhosos porque há pouco trabalho, mas ao menos tenho sol e praia ao pé do trabalho e permite-me apanhar uns belos banhos de sol.

Os meus amigos estão muito ocupados ou emigrados, mas ao menos arranjei outros com quem posso arejar e fazer coisas.

Estou sem saber muito bem que rumo hei-de tomar, mas ao menos tenho saúde.

Estou desejando dormir acompanhada, mas ao menos sozinha ninguém me chateia.

Estou cansada de cometer as mesmas burrices, mas ao menos não me canso de aprender.

Pela fórmula matemática menos com menos dá mais, mas a partir de quando as coisas começam a ser mais???

quarta-feira, 26 de junho de 2013

É andando para trás que se faz o caminho. Só tenho que acreditar que um passo atrás, serão depois dois ou três para a frente. Não está a ser fácil, mas tudo se faz.

domingo, 23 de junho de 2013

Livros do ano #8


Depois de 'não me contes o fim', volto aos clássicos.
Comecei este hoje. Existam sempre livros para ler que sou pessoa para ser feliz!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

domingo, 16 de junho de 2013

Das possibilidades

Tenho por hábito ter pássaros. É o único animal de estimação que tenho. Às vezes olho para ele e tenho pena de o ver ali fechado na gaiola durante toda a sua vida. Ele não saberia viver de outra maneira porque nunca lhe foi mostrado isso. Está habituado a ter comida, água e um espaço dele. Digamos que não precisa de mais para viver, mas vive enclausurado. Quando lhe limpo a gaiola, deixo muitas vezes a porta aberta. Nunca, por momento algum ele se mexeu para sair, mesmo eu ficando a olhar para ver se ele sai. 

Quanto estou a limpar a gaiola dele revejo-me naquela vida, naquela modo de vida. Quantos de nós, aprisionados àquilo que achamos ser suficiente para viver, acabamos limitados numa gaiola que nos fornece o básico, o essencial, o que achamos que é suficiente? Quando nos abrem as portas para que possamos sair e ver novas perspectivas nem consideramos essa possibilidade. Não sabemos o que está do lado de lá. E o lado de lá pode bem ser pior do que aquele que já conhecemos. Ou não! Ou não! Mais dia, menos dia passo-me para o lado de lá. 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

run! | via Tumblr

Estou a precisar urgentemente de mudar o rumo da minha vida, em todos os aspectos e nem sei por onde hei-de começar. Olho para o modo como estou a passar, ou a deixar passar a década mais importante e vejo-a passar por mim como se eu fosse uma mera espectadora. O trabalho que nunca foi estável, está agora mais instável que nunca. As minhas amigas solteiras e ramboeiras estão emigradas. Os meus amigos de cá têm a sua vida, que já pouco têm a ver com a minha. Por mais boa vontade que haja, as coisas não podem nunca voltar a ser como dantes. Os relacionamentos são um fracasso o que permite que não consiga superar as coisas como seria suposto. Penso constantemente se o meu lugar será aqui ou se seria mais feliz num outro qualquer lugar. Sinto muitas vezes que já não pertenço aqui, que este espaço que foi tanto meu, já deixou de o ser. Perdi um bocado o rumo das coisas e dos objectivos que tive sempre presentes. Preciso urgentemente de começar de novo, um novo emprego, arranjar novos amigos, novos interesses. O problema é que nem sei por onde começar nem para onde me virar. É como se me sentisse dentro de uma gaiola e só tivesse espaço para voar dentre daquelas grades. Queria e precisava tanto de um desprendimento, de fazer as malas e sair daqui e de ter um bocadinho que fosse de sorte. Só um bocadinho para me permitir andar para a frente.

domingo, 9 de junho de 2013

Há três dias que a minha vida é dormir, comer, cozinhar (céus, tenho feito tanta comida. Duas dúzias de rissóis, pudins, assados...), ler, ver televisão e pensar na vida. O melhor que se aproveita daqui é mesmo a leitura, se bem que os cozinhados não estão maus.

sábado, 8 de junho de 2013

A culpa é da Cinderela e da Branca-de-Neve e dos finais viveram felizes para sempre



Educam-nos desde pequeninos que os meninos vestem azul e as meninas cor-de-rosa. Que os meninos gostam de futebol e carros e Legos e as meninas gostam de Barbies e Nenucos. Aos meninos deixem-nos chegar a casa sujos e rotos, mas às meninas pede-se que sejam femininas e limpas e direitinhas. Entretanto leem-lhes as historinhas da Cinderela e da Branca de Neve e impigem-nos a infiel ideia que basta esperarmos pelo dia em que seremos salvas pelo príncipe num cavalo branco que nos acorda de um sono profundo porque uma cabra nos deu uma maçã envenenada. No final das histórias acaba-se sempre com um 'viveram felizes para sempre'. Nunca ninguém se lembra que essas fantasias ficam presas no inconsciente das crianças, mais das meninas do que nos meninos. Basta ver que nenhum menino quando cresce, fala na ideia de ir salvar uma princesa, montado num cavalo branco e tratá-la como tal o resto da vida.
Por isso, quando os anos passam começamos a entrar num delírio crescente porque afinal não existe o príncipe, nem o cavalo e muito menos chegará alguém para nos salvar, pese embora nos tenhamos cruzado com uma data de putas que nos ofereceram maçãs envenenadas.
Ora se vivemos numa época em que a letra do pau ao gato foi alterada porque não é nada pedagógico atirar um pau ao gato e afinal ele nem sequer morreu, por que raio não reinventam as histórias infantis de modo a que as princesas salvem os príncipes e que discutam com eles e mostrem que eles ficam gordos a barrigudos e que elas com as mamas descaídas e a felicidade dura apenas o que tem que durar. E mais, que reinventem histórias de princesas que decidiram não ter qualquer príncipe porque ele se perdeu pelo caminho e não nos encontrou e que ainda assim estas princesas são também felizes. Não se admirem que as pessoas se sintam umas autênticas fracassadas por causa destas historinhas que nos ficam cá guardadas num sitio recôndito do cérebro e que nos martelam à noite quando dormimos e nos vêm dizer: tu não serás uma princesa. Portanto gente entendida em psicologias e afins, façam lá um esforço para mudar isto porque futuramente podemos evitar muitos anti-depressivos e ansiolíticos e crises de ansiedade, ok?

Livros do ano #6


Comecei este hoje. Ainda não consegui parar de ler. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Ficou a faltar

Faltou-nos ver Paris inteiro e Nova Iorque e todas as cidades do mundo. Faltou-nos o acordar de manhã. Faltou-nos o pequeno almoço na cama e as leituras partilhadas. Faltou-nos descobrir o pior um do outro. Faltou-nos uma discussão, a derradeira discussão. Faltou-nos as pazes, as inevitáveis pazes. Faltou-nos as boleias para o trabalho. Faltou-nos a divisão das contas. Faltou-nos a sucessão dos dias e das horas. Faltou-nos as saudades do tempo perdido. Faltou-nos os pensamentos parvos. Faltou-nos a oportunidade. Faltou-nos a ousadia. Creio que nos faltou tudo, a bem dizer. Não sei como será o resto dos meus dias com estas faltas todas...

terça-feira, 4 de junho de 2013

Toda a gente precisa de ser salva, mas não a qualquer custo

Nunca entendi a presunção masculina de que qualquer mulher precisa de ser salva. Acho que a ideologia do cavalo branco e do príncipe encantado perdura na nossa (deles) imaginação.
Fartei-me de rir com uma amiga minha quando este me contava que um dos motivos pelos quais o moço se iria afastar é porque sabia que ela precisava de amor, carinho a atenção. E, quando envolvidos, ela iria sofrer.
Como? - respondeu ela, indignada.
Ora bem, estamos a falar de uma mulher super independente, paga as suas contas, tem um ótimo emprego, mas não tem um homem. E não tendo um homem, parte-se do principio que ela necessita de um urgentemente.
E não digo que não precise, mas certamente que não será um que fuja a sete pés porque acha (ahahahah) que o que ela precisa é de atenção, quando ela, a precisar de atenção, seria apenas num certo sentido.
Portanto caríssimos, às vezes as mulheres também se comportam como homens e só querem uma noite bem passada e depois disso amigos como sempre. Será isto tão difícil de entender?

domingo, 2 de junho de 2013

We accept the love we thing we deserve

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Cada um de nós aceitará sempre o amor que acha que merece. Quando me coloco esta questão nunca sei responder se acho que mereço de mais ou de menos, contando pelo número(más) de experiências acumuladas.

sábado, 1 de junho de 2013

Kátia Maria foi embora. Regressou às origens, ao país dela, à vida dela.
Hoje acordei e senti um vazio, já com saudades dela, da companhia dela, e das gargalhadas que partilhámos. Assim que deixamos de estar sozinhas e de nos sentirmos sozinhas apercebemo-nos a tremenda falta que as pessoas fazem na nossa vida.
Gosto da Kátia porque ela não pergunta se pode cá vir jantar. Ela manda sms a dizer Vou aí jantar. Vou sentar no teu sofá terapêutico. E aparece. E durante este tempo, muitos foram os dias em que, depois de um dia exausto de trabalho, acabávamos a jantar juntas e a conversar um bocado.
Assim que percebemos que os serões serão de novo sozinhos, percebemos a falta que nos faz uma boa companhia, um jantar partilhado, meia dúzia de desabafos. Já não falo das visitas a exposições, dos cafés de domingo, das saídas para dançar.
É difícil, cada vez mais difícil encontrar gente com quem se possa fazer tudo, ou não fazer nada e ainda assim passar um bom bocado.

Boa viagem amiga.
Cá te espero lá para o fim do ano!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Priceless

(1) Tumblr

Há muito, mesmo muito tempo que não me ria até me doer a barriga. 
Ontem, recebo uma mensagem da minha querida amiga Kátia Maria a dizer que ia lá jantar. Vi logo pela maneira como ela escreveu o sms que não vinha nos dias dela. Entra-me em casa a dizer que a noite tinha sido uma merda e o dia não tinha sido melhor. 
O que vale, diz ela, o que vale é que tenho aqui companhia e jantar quentinho. 

Depois de jantar, sentamos as duas no sofá e começamos a idealizar algumas situações e a pensar noutras que passámos recentemente e deu-nos um ataque de riso tão grande que nos contorcemos as duas a rir sem parar. 
Aliás, vou começar a contar as vezes que a Katia se engasga ao jantar com as coisas que conversamos. Há momentos impagáveis. 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um ano de blog!


Um ano de blog. Decidi, há um ano atrás escrever porque sim, porque me fazia bem, porque me dava prazer. Enquanto mantiver este espirito o blog continuará a fazer anos, mesmo que a única leitora seja eu!

sábado, 25 de maio de 2013

Será possível encontrarmos, algum dia, o verdadeiro sentido das coisas?

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Há dias falava com uma amiga emigrada no Brasil sobre a vida, o sentido da vida, o nosso sítio e as vidas certas. Haverá, eventualmente, um momento na nossa vida que que sentimos que os astros estão tão intimamente ligados e alinhados que tudo fará sentido?
O meu lado céptico da questão acha que só num nível existencial superior conseguimos entender os desígnios do universo, sejam eles quais forem, com a serenidade que é suposta. 
Questiono-me muitas vezes se este será o meu sítio certo, a profissão certa, as coisas certas. A maioria das vezes acho que não, porque se fosse não estaria constantemente a procurar o sentido. Mas não será possível também, que na falta de sentido, as coisas possam fazer sentido?
Às vezes pondero se a vida que eu idealizo seria a vida que eu realmente desejo ou se o reflexo da vida dos outros transforma a minha vida numa coisa mais simplória e menor. Comparativamente vou estando aquém da realidade da vida dos outros, porque os caminhos, as escolhas e as oportunidades foram diferentes. À medida que o tempo passa começo a perceber que as realidades que eram tão minhas, progressivamente vão deixar de ser, porque as realidades são tão opostas que, embora se cruzem, tendencialmente vão deixar de se tocar.
Serei eu, que pela falta do meu plano A, com a falha redonda dos projectos que idealizei serem totalmente ao lado daquilo que vivo actualmente? Será porque aquilo que eu queria da vida não será o que a vida quer de mim? 
O meu medo, o meu único medo que me assola nos primeiros minutos de casa dia em que acordo, é que quando eu perceber tudo isto, seja já tarde demais. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Amanhã não trabalho e hoje só me cheira a sexta-feira. Em continuando assim o tempo, amanhã mando-me para a feira do livro. Vou evitar ir no fds que é sempre um caos. Depois petiscada lá em casa e eis a sexta-feira perfeita, até porque já me recompus do meu estado gripal que senhor meu pai me pegou.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Podes deitar a cabeça na almofada todos os dias, com essa sensação de paz instalada que não te deixa chorar, nem rir, nem pensar, nem sofrer. Podes deitar a cabeça na almofada com a sensação de que está tudo resolvido e que as coisas são assim mesmo. Mas, haverá dias, alguns dias que não hesitarás em perguntar Porque não eu? E não tendo respostas, ou aquelas que quererias, verás que não perdoarás até ao dia que a sua lembrança seja silenciada com um 'Quem?

domingo, 19 de maio de 2013

Livros do ano #5



Agora a ler este. Não consigo dizer se gosto, se não gosto. De qualquer modo, custa-me deixar um livro a meio. No final, logo vejo.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Kátia Mariiaaaaa está em Portugal! Yupiiiiii! Já vai sendo hora de matar saudades, sair para jantar, dar um pézinho de dança! Yeahhhhhhh

quarta-feira, 15 de maio de 2013



Chamem série de gaja, chamem o que quiserem, mas eu adoro que a Fox Life esteja a passar a serie todinha do Sexo e a Cidade. Todos os dias, à mesma hora lá estou eu a ver dois episódios.

Hoje estava a ver com especial atenção e reparei que às vezes me transformo em Miranda. Das quatro era a que menos me dizia. Hoje acho que a entendi um bocado melhor e à revolta dela, sobretudo face às circunstâncias da vida e do sexo oposto.

Nunca tive dúvidas que encontrar a pessoa certa fosse também uma questão de sorte e de venda pessoal, Ora eu, que sorte não é assim coisa que me assiste e não tenho jeito para vender o que quer que seja (em a pessoa não querendo não quer, eu também não chateio) consigo entender que passar a vida a assistir na plateia à sorte da vida dos outros também custa. E atenção que não estou a falar da felicidade dos outros, que são coisas diferentes, mas da sorte que vejo toda a gente a ter à minha volta e raramente, muito raramente essa sorte é para mim. Foi isto e só isto que a Miranda sentiu hoje.

Claro que quando nos sentimos sempre invisíveis, sempre na sombra, sempre com as sensação que os outros ficam sempre com a melhor parte e que somos constantemente substituídos  é claro que é impossível não nos começarmos a questionar se valemos ou não a pena. E não estando para aqui a carpir as mágoas da minha vida, o que é certo é que nos últimos anos tenho sentido na pele o que é não ser boa o suficiente (ou não mostrar que sou), o que é não ser escolha de nada nem de ninguém, porque há-de haver sempre alguém melhor, que se diz melhor, que se vende melhor.

Poderia ponderar sobre isto tudo, mas como tenho ouvido ultimamente... é o sistema. As coisas são mesmo assim, não há nada a fazer.
Também podia tentar falar disto com alguém, abertamente, mas não consigo que me reconfortem com um: Que chatice, pois é!...... Há coisas que só uma cama quente, um livro aberto e uma almofada fofa conseguem fazer por nós... É para lá que vou!
Sentir nervosismo antes de uma coisa nova é sinal de responsabilidade. Hoje estou assim, um bocadito nervosa.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Se tiveres oportunidade de fazer uma boa acção, não a percas

Passei o dia em Lisboa, numa formação que terminei hoje. Saí por volta das 5 da tarde e apanhei um autocarro da Carris (coisa que devo ter feito meia dúzia de vezes na vida, andava quase sempre só de metro). Quase no final da minha paragem entra uma senhora de cadeira de rodas ajudada por umas pessoas que a meteram no autocarro. Escusado será dizer que ainda há autocarros sem rampas nem mecanismos para colocar lá dentro as pessoas de cadeiras de rodas.
A senhora parou quase ao nosso lado, meu e de mais duas colegas que iam comigo. Apercebi-me que a senhora ia sozinha para algum lado porque as pessoas que a ajudaram ficaram fora do autocarro. Fiquei a olhar para ela e perguntei como ela ia sair dali.
- Alguém me há-de ajudar (espero eu), diz-me ela.
Pergunto eu: mas a senhora vai para onde?
- Para a Loja do Cidadão, tenho que lá ir pedir uma declaração.
Conversa puxa conversa acabou por contar que caíra do 5º andar enquanto limpava as janelas da casa da mãe dela. Não se lembra de nada, mas sabe que esteve em coma durante muitos dias, ligada à máquina.
- É uma benção é estar viva. Isso é que é uma benção.
- Deve ter-lhe custado muito - digo eu.
- Custou muito, ainda para mais eu tenho filhos e foi complicado. Mas eles não se importam. Eu às vezes pergunto ao meu filho mais novo se ele se importa que eu ande de cadeira de rodas. Ele diz que não, que eu sou linda à mesma.
- ... (sorria, só conseguia sorrir para ela porque em momento algum eu vi amargura ou tristeza nesta mulher)
- Amanhã vou para um Centro de reabilitação para ver se consigo ficar mais independente, tomar banho sozinha, vestir-me, essas coisas.
- Há alguma possibilidade de voltar a andar?
- Os médicos dizem que não, mas não sei o que deus quer. Sabe que ele lá sabe o que é impossível e para ele nada é impossível. Eu só quero mesmo é conseguir fazer as coisas sozinha.

Chegámos ao Restauradores. Pedi ao motorista que desse a volta e estacionasse mesmo em frente à Loja do Cidadão, já que estávamos na última paragem. Ajudamo-la a sair. Ela desfazia-se em agradecimentos.
- Às vezes não aparecem pessoas assim, ás vezes não aparecem...

Levámo-la lá dentro e perguntei-lhe que senha queria. Para a Segurança Social, disse ela.
As senhas dos prioritários e todas as outras estavam esgotadas há horas. Bom, tentemos falar com alguém da SS. Afinal aquela mulher tinha chegado ali sozinha, vinda sabe-se lá de onde para pedir uma declaração.

Vamos ao balcão da SS. A senhora à qual nos dirigimos demorou a responder-nos. Fingia que não nos ouvia. É sexta-feira, eu entendo  fartinha de ver gente. Lá nos ouviu, em cinco minutos resolver o problema da Deolinda. Chamava-se assim, Deolinda.

Deolinda agradeceu muito, imenso, demais. Deixamo-la na paragem para voltar a casa, rezando para que neste regresso alguém se dignasse a olhar para ela e a 'perder' tempo para a ajudar.

Perdêssemos todos nós um pouco do nosso tempo para os outros e seria tudo infinitamente mais fácil. Tão mais fácil...

Ainda não consegui deixar de pensar na Deolinda, no seu regresso a casa, no seu regresso à vida...


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Qual o preço da felicidade?

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Não me demito deste emprego que não gosto porque tenho medo que não encontre um melhor. Não viajo porque tenho medo que o avião caia. Não entro em lutas para não combater. Não acabo esta relação porque a solidão é pior. Não viro as costas a ninguém para ter quem me diga bom dia. Não gasto dinheiro para que me chegue para o mês que vem. Não invento bons momentos para nunca ter saudades. Não faço mais porque não posso. Não faço melhor porque está bom assim. Não como para não engordar. Não saboreio com medo de gostar. Não ajo porque tenho medo de errar. Não discordo porque é mais fácil concordar. Não rio com medo das rugas. Não choro com medo de soluçar. Não opto com medo de pensar. Não penso para não concluir.

A felicidade tem um preço. Ninguém disse que era barato. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Coisas da vida...

A J. é uma miúda cheia de força. A J. tem sempre uma resposta para tudo. A J. está sempre bem-disposta. A J. tem uma maneira de ver a vida muito cheia dela. A J. é uma miúda íntegra. A J. é uma miúda inteligente. A J. perdeu a mãe dela há cerca de três meses e quem olha para ela não diz.
A semana passada a J. teve que dizer à turma que a mãe da melhor amiga morreu. Assim de repente. A J. desesperou porque sentiu que não conseguiu ajudar a amiga como era esperado. A J. queria que o assunto morresse ali, mas o assunto não morreu, ao contrário da mãe.
Eu olhei para a J. e disse-lhe que já tinha passado pelo mesmo. As colegas gabaram a força da J. Que ela era muito forte. A J. desata num pranto. Chora compulsivamente como quem mexe na ferida. A J. diz que parece forte, mas que chora todos os dias quando chega a casa.
Eu abracei-me a ela e disse-lhe que ela vai continuar a chorar a vida toda. Que todos os dias vai doer um bocadinho, mas  todos os dias dói menos. Que a dor vai permitir-lhe fazer uma vida normal, mas que não passa nunca. E que as saudades vão ser muitas e eternas.
De repente, olhei para a J. e vi-me a mim há uns anos atrás. Abracei-a como se me tivesse abraçado a mim e senti na pele tudo aquilo que ela sente. E só lhe consegui dizer que passa, tudo passa, muito embora exista sempre a questão E se?

terça-feira, 7 de maio de 2013

Gosto de teorias

Gosto das teorias que as pessoas têm das pessoas. Sobretudo daquelas que fazem confusão, daquelas que não seguiram o que toda a gente seguiu e não fez o que toda a gente faz.
Ora, de quando em vez, tenho gente a tecer considerações sobre a minha vida, as minhas opções, as minhas escolhas. Porque tu és assim, porque tu estás sempre na defensiva, porque às vezes tens maus feitio, porque não fazes e aconteces, porque não te mostras, porque não sais, porque és esquisita, porque quem muito escolhe, pouco acerta, porque, porque porque...
Acontece que há dois tipos de pessoas nesta vida: as que tem sorte e as que não tem assim tanta sorte.
Às que tem sorte, ninguém questiona nada, mesmo que tenham um feitio de merda, sejam inconvenientes, sejam chatas. Desde que se consigam mantem num empregozinho, tenham casado em idade útil, tenham procriado em tempo mais útil, então tudo bem. A essas, que seguem o percurso natural da vida, o must have e o must be da sociedade moderna, a essas ninguém diz nada.
Às desgraçadas que fazem a vida que podem, ou que querem, ou que lhes apetece, são infernizadas com teorias comportamentais destas bestas da normalidade.
É isto.

domingo, 28 de abril de 2013

Disto de ser feliz

Estava aqui a ver a série da Florbela Espanca, muito bem interpretada, diga-se de passagem, e eis que Florbela diz a António: quero ir-me embora, não pertenço mais aqui. Não sou feliz. Eis que ele pergunta: Mas o que te falta?

Até quando, pergunto eu, as pessoas vão achar que a felicidade se mede pela quantidade de coisas que se tem? É da essência que trata a felicidade. Tão somente da essência!

Fim-de-semana em palavras

Sábado. Sol. Vento. Brunch. Bolo de cenoura. Amigas. Conversa. Fotografias. Ovos mexidos. Lisboa. Café. Dinheiro. Projectos. Indignação. Conversas outra vez. Rio. Pessoas. Livros. Sítios. Descanso. Jantar. Vinhos. Morangos com chantilly. Conversas, sérias desta vez. Pipocas. Recados no frigorifico. Gargalhadas.
Beijos. Promessas. Saudades. Compromisso.

segunda-feira, 22 de abril de 2013



Não sou cá pessoa de dizer grandes asneiradas (no verdadeiro sentido das asneiras), mas reconheço que resolve grande parte  dos problemas. Não havendo nem tempo nem paciência para explicar as coisas a certas pessoas, um 'vai para o c....' é tudo. Ter-me-ia poupado grandes chatices e preocupações usar da expressão na altura certa.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Gostaria de não sofrer por antecipação, de não projetar o pior dos cenários e começar já a sofrer com o que poderá acontecer. Já tive provas de que nem sempre as coisas são tão más como parecem. Mas continuo a insistir no pior.

terça-feira, 16 de abril de 2013

As pessoas são estranhas, o facebook só comprova

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Aqui há cerca de um mês mais ou menos, andava a sair com uma pessoa que tinha conhecido através do meu trabalho. Proporcionou-se  e almoçamos uma primeira vez, a coisa correu normalmente, a conversa rondou pelos assuntos banais, normais de quem acaba de se conhecer. 
Conversa puxa  conversa, acabámos por sair mais duas vezes para jantar e conversar e ver no que a coisa dava. À terceira vez eu já estava mais que convicta que amigos tudo muito bem, mais do que isso era impossível, aquela coisa da química, do tesão da vontade, não tinha crescido em mim. 
Percebi que da outra parte até havia abertura para tentar alguma coisa. Curioso que até os nossos planos de vida batiam certo e seria tudo lindo e maravilhoso, mas... não. A outra parte a determinada altura começou a cobrar, a tentar perceber porque é que não dava, de forma subtil dizia coisas nesse sentido e eu a tentar justificar as coisas o melhor que conseguia e podia. A outra parte desgostou que nada dava certo, que era infeliz, que as coisas corriam sempre mal, que ia ficar sozinho. Coisas assim à gaja, mas em modo homem-que-já-devia-ter-idade-para-ter-juízo. Ora se eu já estava convencida, rendi-me completamente à minha ideia inicial. Tudo o que não me faz falta agora é gajo que esperneia a sua falta de sorte. Bom, lá fomos à nossa vidinha, tudo normal, amigos(?) como sempre.
Passados cerca de 10 dias começo a ver no mural de facebook do querido mensagens de amor, de saudades, frases feitas, corações, abraços e tudo o mais. A outra parte encontrou imediatamente a seguir a sua outra parte, de nome igual ao meu (ahahaha) e não se coíbem a uma carpição amorosa de fazer chorar as pedras da calçada. 
Ora, fico contente sim senhor, afinal parece que as coisas acontecem, mas querido... menos! Há coisas que o resto do mundo não precisa de saber. E mais, a avaliar a velocidade com que apanhas as oportunidades, vê lá não te espetes a valer. Mas enfim, há de facto gente cheia de amor para dar, a quem quer que seja...

terça-feira, 9 de abril de 2013

Cada peru a seu Natal

Vive-se numa bolha, numa redoma, num circulo fechado de interesses pessoais. Vive-se tão pequeno, onde só se chega ao que os olhos alcançam. Vive-se num perfeito, mas fingido isolamento, em que o umbigo se torna o centro do universo (do deles, mas eles acham que pode ser o centro do mundo todo, porque os olhos deles só alcançam o umbigo deles e por consequência o umbigo deles passa a ser o umbigo do mundo).
Vive-se numa falsa cordialidade com o vizinho do lado, com as pessoas pobres, com os seres carentes. Dá-se, sem qualquer modéstia uma palmadinha nas costas e lamenta-se muito. Lamenta-se sempre que está pior. Afinal, com a dor de corno dos outros eu aguento bem. Não se aguenta é com a própria dor de corno. E aí, aí sim faz-se alguma coisa para mudar, para tentar ser diferente, para encetar uma nova forma de luta! Desenganem-se! Não se faz nada! A luta esgota-se naquilo que as pessoas umbiguistas têm a ousadia de fazer: conversas de café, treinamentos de bancada, culambismo sem precedentes. Afinal é o seu umbigo que têm que proteger. Não se importam de dar o cu todos os dias da sua vida. Não podem nunca é dar a cara. Isso seria ousadia a mais!
A este tipo de gente, a estas pessoinhas (que até o inhas parece grande demais) guardo-lhes a fé que chegue o seu Natal e que sejam o peru mais recheado!

domingo, 7 de abril de 2013

Querido domingo,

A semana que passou foi tão grande e tão intensa e tão trabalhosa que hoje usufrui-te só para descansar e mesmo assim soube-me a pouco. Ontem não parei em casa e felizmente o sol acabou por me fornecer a vitamina D e a quelas coisas boas que diz que faz bem ao humor e tal.
Estive rodeada de amigos o dia todo, pelas mais diversas razões, mas todas elas válidas para nos mostrar quem realmente importa. Acabei por me deitar tarde e acordar hoje já tu ias a meio.
Sentei-me agora para te escrever e dizer que hoje gosto de ti. Não vou ter tempo para te dizer mais nada porque entretanto vou sair para jantar e quando voltar só quero mesmo dormir. Continuo cheia de sono e com uma moleza do caraças, mas tenho tempo para isso.

Fui.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mais, muito mais

Mais do que o tesão de uma boa cama, mais do que o galanteio que nos enche o ego, mais do que o arrepio do cheiro do perfume, é o tesão intelectual. É aquela contra-resposta rápida, o argumento certeiro, o conselho que deita por terra as tuas verdades, a mensagem surpreendente, o discurso que não emprega clichés, os conhecimentos dados sem presunção.
Só assim me levam. Por azar tenho-me cruzado mais com os primeiros do que com os segundos. E volto à casa de partida...
Estou muito pouco tolerante a piadinhas acerca da minha condição profissional quando me preocupa seriamente como vou pagar contas daqui a poucos meses. Aliás, estou muito pouco tolerante face a uma série de coisas. Já disse aqui o quanto odeio injustiças não já?
Depois não se admirem.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Crónica de final de mês - Março

Findando o mês de Março acresce dizer que fiquei mais velha e se a idade não me pesa nem me custa, não posso dizer o mesmo do envelhecimento. Tenho medo de envelhecer e nem é tanto pelas rugas na cara, mas é pelas rugas no caminho. Tenho sobretudo medo que ver o tempo a passar e não o estar a aproveitar da melhor maneira que se possa.
Tenho medo de não estar o tempo suficiente com as pessoas que gosto. Tenho medo de estar demasiado preocupada com coisas que não me acrescentam nada. Tenho medo de não concretizar nada do que planeei para mim. Tenho medo de acreditar que falta muito de sentido a esta passagem. Tenho medo de enfrentar lutas que me sejam infrutíferas. Tenho medo de não arriscar mais, de fazer mais. Às vezes tenho tanto medo que acabo por ficar imobilizada, de tal modo que respirar é quase um desafio.
E tenho medo que esta seja a única mensagem que esteja a passar.
Por outro lado, há sempre uma possibilidade, uma porta aberta, uma janela mal fechada. E acho que é por aqui que vou entrar. Que vou ousar entrar. E espero que valha a pena!

domingo, 31 de março de 2013

Um dia depois dos 31

E eis que no primeiro dia depois dos trinta, me sinto bem. Acho até que entrei bem. Casa cheia de amigos (não todos, mas os bons estavam lá), boa comida, boa companhia, boas gargalhadas. Tudo em bom, vá.
E isso basta.

sábado, 30 de março de 2013

sexta-feira, 29 de março de 2013

O meu último dia dos 30

Amanhã, quando me perguntarem a idade, já digo que tenho 31. 31! Não é um número que eu desgoste, até gosto bastante. Hoje é o meu último dia dos 30 e, na despedida destes, eu não sinto absolutamente nada. Nada. Tenho estado em casa, de pijama vestido, numa inércia absurda entre limpar a loiça e ver desenhos animados na TV.
Queria ter mantido a vivacidade e otimismo que me caracterizaram nos 20. Achava que podia mudar o mundo, que havia sempre de fazer qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para poder mudar o mundo. Hoje acho que se me mudar a mim já faço muita coisa.
Estou em absoluta negação, num choro copioso que se tornou visceral, que não sai aqui de dentro e ninguém me preparou para isto. E deviam ter-me preparado.

terça-feira, 26 de março de 2013

Livros do ano #4

Comecei este ontem. Tal qual como na imagem. Resgatei este livro de casa dos meu avô paterno das coleções RTP.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Deram às pessoas a possibilidade de opinarem, de dizerem que não, de reclamarem, de fazerem, de barafustarem. Deram tanto disto que as pessoas não sabem já o que fazer nem como fazer. Vão baixando devagar devagarinho os seus limites do suportável. Vão achando que, em havendo pior, nós estamos sempre melhor. Que não adianta fazer nada, que é mais do mesmo. Vão agradecer ter uns trocos ao final do mês, um bocado de pão para comer, as contas pagas quando se pode. Deram tantas possibilidades às pessoas que estas se esqueceram de as concretizar, de as fazer sonhar de as fazer acontecer.

domingo, 24 de março de 2013

Paragem de autocarro

Às vezes sinto que a minha vida se passa numa paragem de autocarro. Cada vez que passa um, eu acho que este sim, me pode conduzir ao meu destino. Depois, quando se começa a aproximar eu percebo que o melhor é apanhar o próximo. Ainda não é este o meu autocarro.

terça-feira, 19 de março de 2013

Conseguir estabelecer empatia com os outros e colocarmo-nos efetivamente no seu lugar dá trabalho. Por outro lado ficamos mais repletos de gente, ficamos assim um bocado mais humanos.

Facto

Quando me perguntarem o que faço eu da vida não esperem que eu responda com a profissão que eu tenho. Isso é o que faço para pagar contas. O que faço da vida é bem mais do que isso.
O que eu faço para pagar contas não me define. Não posso dizer o mesmo de tudo o que eu faço para além disso.
Infelizmente liga-se mais ao primeiro do que ao segundo facto.

domingo, 17 de março de 2013

Oh sweet sunday

O dia do parolo, como diz a minha colega e novíssima amiga açoriana, acerca dos domingos. É o dia do parolo, queres o quê? Já encontrei mais uma para o clube das que não gosta de domingos. Mas hoje até não foi um mau domingo. Começou tarde, meio dia e meia, vá. Não posso beber vinho, nem um copo que seja. A soneira é de tal ordem que aterro a noite inteira. Dois copos, deve ter sido isso que bebi ontem na casa desta minha amiga. Ela começou a beber desde as três da tarde. Estava fresca que nem uma alface. Eu e o vinho não nos damos. Há qualquer coisa de incompatível entre mim e o vinho tinto. Adiante. Com ou sem vinho fartámo-nos de rir, no meio de muita conversa séria. Acabamos por descobrir um bocado de nós na vida de toda a gente.

Ora pois que acordei ao meio-dia e meia como se fossem 9 da manhã. Limpei esta casa toda, arrumei, tratei de roupa e tudo sem me chatear muito. Nem uma melancoliazita de domingo nem nada. Coisa já de si estranha, sim senhor. Hoje era dia para conseguir estar com pessoas, era sim senhor. Mas a verdade é que ultimamente tenho tido muita dificuldade em estar com pessoas e sei que elas não devem estar a entender.

Ao fim da tarde, hora de falar com Kátia Máriiiia. Lá estivemos a partilhar as novidades da semana, a rir de parvoíces. Agora decidiu criar um objetivo para eu cumprir no prazo de um mês. Sim, sodôna Kátia acha que é obrigatório cumprir objetivo. Que eu necessito de um objetivo. Coisa simples e vá, satisfatória. Disse que sim, que ia pensar nisso.Não é má ideia de todo, não senhora.

De resto são quase 11 da noite e tenho que terminar um trabalho para entregar ontem. Exacto, ontem. E já vou tarde.

Fui!

sexta-feira, 15 de março de 2013

Gosto de vir aqui, porque aqui podemos ficar uma tarde inteira só a observar as pessoas que aqui passam e o que trazem vestido e como se comportam. 

Então temos as recém mamãs bem casadas que passaram aqui a comer uma saladinha com os seus mais mais que tudo, bem apessoados e bem vestidos e direitos tal qual como se tivessem engolido um garfo. Elas trazem as mães para almoçarem também, enquanto passeiam a nova cria pelas cadeiras vazias da esplanada. Eles admiram-nas de longe, com ar embevecido e como quem diz: fica-me tão bem esta família. Saem de fininho, agasalhando as crias no carrinho que o sol já se tapou e vem fresco.

Temos as amigas que pedem saladas e pizzas alternadamente conforme estejam nos 20 ou nos 30 anos. Põem a conversa em dia, fumam um cigarro, acenam com a cabeça em sinal de assentimento ou não e gesticulam para fazer passar a mensagem. Às vezes é vê-las indignadas a contar o último episódio das vidas delas e credo, como é possível?!?

Temos os casalinhos que se sentam ao lado um do outro , conversam  muito e comem pouco (salvo se já estiverem juntos há muito tempo). Às vezes riem-se das coisas que estão a dizer e que só eles entendem e ainda bem porque nestas altura o resto do mundo não interessa para nada. 

Temos os grupos que abancam por tempo indeterminado e pedem vinho e sangria. Estarão na hora de almoço, ou talvez não. Não sei do que falam, não consigo perceber, mas também não é isso que interessa, gosto mesmo é de ver a dinâmica da coisa. 

E tenho-me a mim, que acho que hoje sou a única a partilhar mesa com o meu pc. Costuma ser com um livro, mas hoje é com o meu pc. 
Deixar de expectar o expectável é talvez o mais difícil, mas o mais ambicioso dos objectivos. Podia começar por aí, mas sei que esse será o meu caminho final. Poderia dizer muito sobre isto, mas fiquemos por aqui. 
Poucas coisa há que me deem tanto prazer como ter uma tarde livre de sexta-feira, ainda que com trabalho para fazer. Não há como juntar o útil ao agradável e trabalhar de frente para o mar, ao mesmo tempo que peço uma tosta de frango e abro o portátil. Este post chega com cheirinho a mar, tosta quente e sabor a gente.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Cada vez mais me convenço que isto é missão. Por mais que precise que me amparem a queda, hei-de estar a amparar primeiramente a queda de alguém. Haverá sempre, dentro de mim, mais espaço para dar do que para receber. Creio que seja crónico.

domingo, 10 de março de 2013

A verdade é esta

Nem sei muito bem por onde começar este post e nem fazia tenções de o escrever. O que é certo é que ultimamente tenho lido em alguns blogs sobre este tema e nunca me apeteceu comentar, embora entenda na perfeição o que as pessoas estão a descrever.

Nunca fui uma pessoa depressiva. Mesmo com alguns contratempos que a vida me vinha trazendo, acho que o meu instinto de sobrevivência nunca me permitiu pensar muito sobre as coisas que aconteciam. O importante era resolvê-las, era apoiar a minha família e amigos se fosse caso disso.

Há cerca de dois anos e pouco comecei a entrar numa espiral descendente que atribui apenas a uma fase menos boa. Estava metida numa relação condenada que tal como se veio a confirmar, não deu em  nada. Meti-me, no meio desse percurso, numa outra que também não me acrescentou nada. A par disto desenrolavam-se outras coisas na minha vida, com pessoas próximas e que foi necessário dar a mão.
Inicialmente achei que seria capaz de controlar tudo. Não sabia, como sei agora que estava a iniciar um processo depressivo a uma velocidade que não me permitiu mais colocar um ponto final.

Durante estes dois anos, motivada pela desilusão que tive com pessoas próximas e com o acrescento de relações completamente falhadas, a minha auto-estima e o meu amor próprio ficaram enterrados algures. Achei-me injustiçada no modo como as pessoas lidaram comigo e me fizeram sentir. Esse sentimento de injustiça e de desilusão começou a tomar conta de mim num sentido visceral. Sentia-me uma inútil, um encosto, desmerecedora de qualquer coisa que fosse boa. A partir daqui todos os meus dias se tornaram uma repetição de si mesmos. Acordava angustiada, a perguntar qual o sentido da vida e qual o verdadeiro motivo para me levantar da cama. Acabava por me levantar, por ir trabalhar, por me distrair, por ficar melhor. No dia seguinte a sensação era a mesma. 

Entretanto, como se não bastasse sentir-me assim, comecei a carregar um sentimento de culpa. Comecei a considerar que seria má pessoa porque me sentia triste, sozinha e profundamente angustiada, ao invés de me sentir feliz e contente pelas outras pessoas que me rodeavam. Esta ambiguidade de sentimentos fez com que muitas vezes acreditasse que era má pessoa por me sentir assim, por não dar a volta por cima, por me deixar afectar pelo modo como algumas pessoas me fizeram sentir, ainda que sem intenção.

Aos poucos o tempo foi passando e comecei a alternar dias bons com dias maus. Vinham uma série de dias bons e de repente, sem que nada fizesse esperar, voltavam os dias maus, a angústia matinal, a tristeza recorrente, a solidão obrigada. 

Iniciei então uma nova luta comigo mesma: tentar dar a volta por cima. Tentei interiorizar que a vida não poderia ser só coisas más, que apesar de tudo valia a pena fazer as coisas bem feitas, que tudo tem um tempo e que o meu haveria de chegar. Esta luta mantém-se ainda hoje, mas cansa muito, imenso. 

Tentei acreditar, no passar de cada ano, ou de cada aniversário que uma nova fase chegaria. Nunca chegou. Tentei acreditar que pessoas positivas fazem acontecer coisas positivas. Assim, não deixava transparecer o que me ia na alma, tentei ver o que de positivo os meus dias me traziam, tentei estar mais vezes com pessoas que gosto e coloquei de parte aquelas com as quais deixei de me sentir eu própria. Alimentei a ideia que não há mal em conhecer pessoas novas e arriscar para fora da zona de conforto. Fiz isso. Ainda faço. Mas nada mudou ainda. E começa um novo ciclo de culpa e auto-comiseração: comigo nunca há-de ser diferente!

Às tantas, as coisas negativas ganham uma proporção tão grande que se torna difícil ver as positivas. Cada acto, cada palavra mal empregue, cada gesto mal intencionado se transforma num fardo pesadíssimo de carregar. E de carregar sozinha. Deixei de deixar que as pessoas carregassem este fardo comigo. Faço-o sozinha. Pouquíssima gente sabe que me sinto assim e muitas mais não farão a mínima ideia que passo por isto diariamente. O silêncio tornou-se o meu maior aliado e troco-o por conversas superficiais que em nada fazem antever o que vai cá dentro. 

De qualquer modo, estes dois anos permitiram-me ir fazendo uma avaliação de mim mesma (tantas vezes errada e até injusta). Consegui ser mais fiel às coisas que não quero e deixar de sentir culpa ou pena por não querer. Consegui perceber que as reações tidas por carência são terrivelmente nefastas. Consegui perceber que também sou humana e que nem sempre vou ter sentimentos nobres e bons em relação às coisas e que isso não faz mal. Consegui perceber e admitir que afinal isto não é uma fase e que do que eu sofro é de uma depressão arrastada. Hoje ainda não me refiz dela, tenho essa consciência. No meu intimo, continuo a acreditar que ainda haverá, para mim, um lugar ao sol. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Conselho à navegação

Sempre que houver um acidente numa qualquer via, por favor, coloquem a seguinte informação eletrónica na via contrária: Gente, o acidente NÂO foi na vossa via, mas na via contrária. Deixem de ser curiosos e toca a andar! Obrigada

Isto fazia com que só metade das pessoas chegasse atrasada ao trabalho: aquelas que seguem efetivamente na via onde houve um acidente!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Dias bons



Nos dias bons consigo vislumbrar horizonte. Nos dias bons todas as horas são aproveitadas. Nos dias bons o acordar é simples e maravilhoso. Os dias bons existem para que possamos ser felizes neles e acreditar que havemos de ter muitos dias bons.
Andarei a vida toda à procura do pote de ouro no fim do arco-iris. Nos dias bons acredito que ele existe e que estarei próximo de o encontrar.
Hoje foi um dia bom, amanhã sei que será também e sábado terei a certeza disso.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Conversas de raparigas

Eu: Amiga, estás aí?
Ela: Alôoo. Estou. Eh pá este fim-de-semana sonhei contigo.
Eu: Então? Sonhaste com o quê?
Ela: Sonhei que estávamos as duas numa festa e tu estavas a contar-me que namoravas... com o Denzel Washington!
Eu: Ahahahahahha (não percebendo a relação, apear de gostar imenso do actor)
Ela: E dizias-me que estavas grávida. Olha, caiu-me tudo, não estava nada à espera de ouvir aquilo.
Eu: Então, mas estava grávida dele?
Ela: Isso não sei. Só sei que estavas grávida.
Eu: Ahahahaha
Ela: Mas olha que o meu sonho tinha uma energia muito carregada, uma energia muito forte.
Eu: Como assim?
Ela: Não sei explicar, era uma energia muito forte mesmo.
Eu: Mas uma energia negativa?
Ela: Não, nada disso, muito pelo contrário. Acredito que este ano ainda te vai acontecer uma coisa muito boa!
Eu: ...... ;))) Obrigada. Estava mesmo a precisar de ouvir isso.

domingo, 3 de março de 2013

Fodei-vos

Strangely compelling


Quando me perguntam se está tudo bem digo sempre que sim. Aliás,  agradeço que não me estejam sempre a perguntar por novidades e coisas da minha vida e o caralho, que não me apetece mesmo nada falar sobre isso. Deixei de conseguir falar sobre isso, porque é o mesmo que estar a tentar explicar a um cego o que é uma árvore ou a um surdo qual o som da música. A pessoa diz-te que sim, que entende, mas não entende coisa nenhuma e faz um esforço para manter a preocupação contigo, que não passa já de um cansaço extremo de te ver com essa merda de neura.
Então mais vale pôr um sorriso na cara (e nisso eu sou boa, mas muita boa), fazer conversa de café (ah sim? que bom! curioso! Boa! Fazes bem! E agora?), dizer que sim a tudo, chegar a casa, meter-me dentro da banheira, tomar um duche, cagar de alto nas coisas que não te correm bem e interiorizar aquilo que os outros tão facilmente te dizem: energias positivas, boas, e blá blá bláaaa. 
Se tudo isto não resultar gritas para toda a gente ouvir e soltas um foda-se. 
Aliás, se eu pudesse diria mesmo: fodam-se!


Dedicado a todos aqueles a quem me faltou a coragem para lhes dedicar esta homenagem em tempo útil. Ter-me-iam poupado estes minutos de escrita, se eu própria não fosse tão conas de vez em quando.