domingo, 31 de março de 2013

Um dia depois dos 31

E eis que no primeiro dia depois dos trinta, me sinto bem. Acho até que entrei bem. Casa cheia de amigos (não todos, mas os bons estavam lá), boa comida, boa companhia, boas gargalhadas. Tudo em bom, vá.
E isso basta.

sábado, 30 de março de 2013

sexta-feira, 29 de março de 2013

O meu último dia dos 30

Amanhã, quando me perguntarem a idade, já digo que tenho 31. 31! Não é um número que eu desgoste, até gosto bastante. Hoje é o meu último dia dos 30 e, na despedida destes, eu não sinto absolutamente nada. Nada. Tenho estado em casa, de pijama vestido, numa inércia absurda entre limpar a loiça e ver desenhos animados na TV.
Queria ter mantido a vivacidade e otimismo que me caracterizaram nos 20. Achava que podia mudar o mundo, que havia sempre de fazer qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para poder mudar o mundo. Hoje acho que se me mudar a mim já faço muita coisa.
Estou em absoluta negação, num choro copioso que se tornou visceral, que não sai aqui de dentro e ninguém me preparou para isto. E deviam ter-me preparado.

terça-feira, 26 de março de 2013

Livros do ano #4

Comecei este ontem. Tal qual como na imagem. Resgatei este livro de casa dos meu avô paterno das coleções RTP.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Deram às pessoas a possibilidade de opinarem, de dizerem que não, de reclamarem, de fazerem, de barafustarem. Deram tanto disto que as pessoas não sabem já o que fazer nem como fazer. Vão baixando devagar devagarinho os seus limites do suportável. Vão achando que, em havendo pior, nós estamos sempre melhor. Que não adianta fazer nada, que é mais do mesmo. Vão agradecer ter uns trocos ao final do mês, um bocado de pão para comer, as contas pagas quando se pode. Deram tantas possibilidades às pessoas que estas se esqueceram de as concretizar, de as fazer sonhar de as fazer acontecer.

domingo, 24 de março de 2013

Paragem de autocarro

Às vezes sinto que a minha vida se passa numa paragem de autocarro. Cada vez que passa um, eu acho que este sim, me pode conduzir ao meu destino. Depois, quando se começa a aproximar eu percebo que o melhor é apanhar o próximo. Ainda não é este o meu autocarro.

terça-feira, 19 de março de 2013

Conseguir estabelecer empatia com os outros e colocarmo-nos efetivamente no seu lugar dá trabalho. Por outro lado ficamos mais repletos de gente, ficamos assim um bocado mais humanos.

Facto

Quando me perguntarem o que faço eu da vida não esperem que eu responda com a profissão que eu tenho. Isso é o que faço para pagar contas. O que faço da vida é bem mais do que isso.
O que eu faço para pagar contas não me define. Não posso dizer o mesmo de tudo o que eu faço para além disso.
Infelizmente liga-se mais ao primeiro do que ao segundo facto.

domingo, 17 de março de 2013

Oh sweet sunday

O dia do parolo, como diz a minha colega e novíssima amiga açoriana, acerca dos domingos. É o dia do parolo, queres o quê? Já encontrei mais uma para o clube das que não gosta de domingos. Mas hoje até não foi um mau domingo. Começou tarde, meio dia e meia, vá. Não posso beber vinho, nem um copo que seja. A soneira é de tal ordem que aterro a noite inteira. Dois copos, deve ter sido isso que bebi ontem na casa desta minha amiga. Ela começou a beber desde as três da tarde. Estava fresca que nem uma alface. Eu e o vinho não nos damos. Há qualquer coisa de incompatível entre mim e o vinho tinto. Adiante. Com ou sem vinho fartámo-nos de rir, no meio de muita conversa séria. Acabamos por descobrir um bocado de nós na vida de toda a gente.

Ora pois que acordei ao meio-dia e meia como se fossem 9 da manhã. Limpei esta casa toda, arrumei, tratei de roupa e tudo sem me chatear muito. Nem uma melancoliazita de domingo nem nada. Coisa já de si estranha, sim senhor. Hoje era dia para conseguir estar com pessoas, era sim senhor. Mas a verdade é que ultimamente tenho tido muita dificuldade em estar com pessoas e sei que elas não devem estar a entender.

Ao fim da tarde, hora de falar com Kátia Máriiiia. Lá estivemos a partilhar as novidades da semana, a rir de parvoíces. Agora decidiu criar um objetivo para eu cumprir no prazo de um mês. Sim, sodôna Kátia acha que é obrigatório cumprir objetivo. Que eu necessito de um objetivo. Coisa simples e vá, satisfatória. Disse que sim, que ia pensar nisso.Não é má ideia de todo, não senhora.

De resto são quase 11 da noite e tenho que terminar um trabalho para entregar ontem. Exacto, ontem. E já vou tarde.

Fui!

sexta-feira, 15 de março de 2013

Gosto de vir aqui, porque aqui podemos ficar uma tarde inteira só a observar as pessoas que aqui passam e o que trazem vestido e como se comportam. 

Então temos as recém mamãs bem casadas que passaram aqui a comer uma saladinha com os seus mais mais que tudo, bem apessoados e bem vestidos e direitos tal qual como se tivessem engolido um garfo. Elas trazem as mães para almoçarem também, enquanto passeiam a nova cria pelas cadeiras vazias da esplanada. Eles admiram-nas de longe, com ar embevecido e como quem diz: fica-me tão bem esta família. Saem de fininho, agasalhando as crias no carrinho que o sol já se tapou e vem fresco.

Temos as amigas que pedem saladas e pizzas alternadamente conforme estejam nos 20 ou nos 30 anos. Põem a conversa em dia, fumam um cigarro, acenam com a cabeça em sinal de assentimento ou não e gesticulam para fazer passar a mensagem. Às vezes é vê-las indignadas a contar o último episódio das vidas delas e credo, como é possível?!?

Temos os casalinhos que se sentam ao lado um do outro , conversam  muito e comem pouco (salvo se já estiverem juntos há muito tempo). Às vezes riem-se das coisas que estão a dizer e que só eles entendem e ainda bem porque nestas altura o resto do mundo não interessa para nada. 

Temos os grupos que abancam por tempo indeterminado e pedem vinho e sangria. Estarão na hora de almoço, ou talvez não. Não sei do que falam, não consigo perceber, mas também não é isso que interessa, gosto mesmo é de ver a dinâmica da coisa. 

E tenho-me a mim, que acho que hoje sou a única a partilhar mesa com o meu pc. Costuma ser com um livro, mas hoje é com o meu pc. 
Deixar de expectar o expectável é talvez o mais difícil, mas o mais ambicioso dos objectivos. Podia começar por aí, mas sei que esse será o meu caminho final. Poderia dizer muito sobre isto, mas fiquemos por aqui. 
Poucas coisa há que me deem tanto prazer como ter uma tarde livre de sexta-feira, ainda que com trabalho para fazer. Não há como juntar o útil ao agradável e trabalhar de frente para o mar, ao mesmo tempo que peço uma tosta de frango e abro o portátil. Este post chega com cheirinho a mar, tosta quente e sabor a gente.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Cada vez mais me convenço que isto é missão. Por mais que precise que me amparem a queda, hei-de estar a amparar primeiramente a queda de alguém. Haverá sempre, dentro de mim, mais espaço para dar do que para receber. Creio que seja crónico.

domingo, 10 de março de 2013

A verdade é esta

Nem sei muito bem por onde começar este post e nem fazia tenções de o escrever. O que é certo é que ultimamente tenho lido em alguns blogs sobre este tema e nunca me apeteceu comentar, embora entenda na perfeição o que as pessoas estão a descrever.

Nunca fui uma pessoa depressiva. Mesmo com alguns contratempos que a vida me vinha trazendo, acho que o meu instinto de sobrevivência nunca me permitiu pensar muito sobre as coisas que aconteciam. O importante era resolvê-las, era apoiar a minha família e amigos se fosse caso disso.

Há cerca de dois anos e pouco comecei a entrar numa espiral descendente que atribui apenas a uma fase menos boa. Estava metida numa relação condenada que tal como se veio a confirmar, não deu em  nada. Meti-me, no meio desse percurso, numa outra que também não me acrescentou nada. A par disto desenrolavam-se outras coisas na minha vida, com pessoas próximas e que foi necessário dar a mão.
Inicialmente achei que seria capaz de controlar tudo. Não sabia, como sei agora que estava a iniciar um processo depressivo a uma velocidade que não me permitiu mais colocar um ponto final.

Durante estes dois anos, motivada pela desilusão que tive com pessoas próximas e com o acrescento de relações completamente falhadas, a minha auto-estima e o meu amor próprio ficaram enterrados algures. Achei-me injustiçada no modo como as pessoas lidaram comigo e me fizeram sentir. Esse sentimento de injustiça e de desilusão começou a tomar conta de mim num sentido visceral. Sentia-me uma inútil, um encosto, desmerecedora de qualquer coisa que fosse boa. A partir daqui todos os meus dias se tornaram uma repetição de si mesmos. Acordava angustiada, a perguntar qual o sentido da vida e qual o verdadeiro motivo para me levantar da cama. Acabava por me levantar, por ir trabalhar, por me distrair, por ficar melhor. No dia seguinte a sensação era a mesma. 

Entretanto, como se não bastasse sentir-me assim, comecei a carregar um sentimento de culpa. Comecei a considerar que seria má pessoa porque me sentia triste, sozinha e profundamente angustiada, ao invés de me sentir feliz e contente pelas outras pessoas que me rodeavam. Esta ambiguidade de sentimentos fez com que muitas vezes acreditasse que era má pessoa por me sentir assim, por não dar a volta por cima, por me deixar afectar pelo modo como algumas pessoas me fizeram sentir, ainda que sem intenção.

Aos poucos o tempo foi passando e comecei a alternar dias bons com dias maus. Vinham uma série de dias bons e de repente, sem que nada fizesse esperar, voltavam os dias maus, a angústia matinal, a tristeza recorrente, a solidão obrigada. 

Iniciei então uma nova luta comigo mesma: tentar dar a volta por cima. Tentei interiorizar que a vida não poderia ser só coisas más, que apesar de tudo valia a pena fazer as coisas bem feitas, que tudo tem um tempo e que o meu haveria de chegar. Esta luta mantém-se ainda hoje, mas cansa muito, imenso. 

Tentei acreditar, no passar de cada ano, ou de cada aniversário que uma nova fase chegaria. Nunca chegou. Tentei acreditar que pessoas positivas fazem acontecer coisas positivas. Assim, não deixava transparecer o que me ia na alma, tentei ver o que de positivo os meus dias me traziam, tentei estar mais vezes com pessoas que gosto e coloquei de parte aquelas com as quais deixei de me sentir eu própria. Alimentei a ideia que não há mal em conhecer pessoas novas e arriscar para fora da zona de conforto. Fiz isso. Ainda faço. Mas nada mudou ainda. E começa um novo ciclo de culpa e auto-comiseração: comigo nunca há-de ser diferente!

Às tantas, as coisas negativas ganham uma proporção tão grande que se torna difícil ver as positivas. Cada acto, cada palavra mal empregue, cada gesto mal intencionado se transforma num fardo pesadíssimo de carregar. E de carregar sozinha. Deixei de deixar que as pessoas carregassem este fardo comigo. Faço-o sozinha. Pouquíssima gente sabe que me sinto assim e muitas mais não farão a mínima ideia que passo por isto diariamente. O silêncio tornou-se o meu maior aliado e troco-o por conversas superficiais que em nada fazem antever o que vai cá dentro. 

De qualquer modo, estes dois anos permitiram-me ir fazendo uma avaliação de mim mesma (tantas vezes errada e até injusta). Consegui ser mais fiel às coisas que não quero e deixar de sentir culpa ou pena por não querer. Consegui perceber que as reações tidas por carência são terrivelmente nefastas. Consegui perceber que também sou humana e que nem sempre vou ter sentimentos nobres e bons em relação às coisas e que isso não faz mal. Consegui perceber e admitir que afinal isto não é uma fase e que do que eu sofro é de uma depressão arrastada. Hoje ainda não me refiz dela, tenho essa consciência. No meu intimo, continuo a acreditar que ainda haverá, para mim, um lugar ao sol. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Conselho à navegação

Sempre que houver um acidente numa qualquer via, por favor, coloquem a seguinte informação eletrónica na via contrária: Gente, o acidente NÂO foi na vossa via, mas na via contrária. Deixem de ser curiosos e toca a andar! Obrigada

Isto fazia com que só metade das pessoas chegasse atrasada ao trabalho: aquelas que seguem efetivamente na via onde houve um acidente!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Dias bons



Nos dias bons consigo vislumbrar horizonte. Nos dias bons todas as horas são aproveitadas. Nos dias bons o acordar é simples e maravilhoso. Os dias bons existem para que possamos ser felizes neles e acreditar que havemos de ter muitos dias bons.
Andarei a vida toda à procura do pote de ouro no fim do arco-iris. Nos dias bons acredito que ele existe e que estarei próximo de o encontrar.
Hoje foi um dia bom, amanhã sei que será também e sábado terei a certeza disso.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Conversas de raparigas

Eu: Amiga, estás aí?
Ela: Alôoo. Estou. Eh pá este fim-de-semana sonhei contigo.
Eu: Então? Sonhaste com o quê?
Ela: Sonhei que estávamos as duas numa festa e tu estavas a contar-me que namoravas... com o Denzel Washington!
Eu: Ahahahahahha (não percebendo a relação, apear de gostar imenso do actor)
Ela: E dizias-me que estavas grávida. Olha, caiu-me tudo, não estava nada à espera de ouvir aquilo.
Eu: Então, mas estava grávida dele?
Ela: Isso não sei. Só sei que estavas grávida.
Eu: Ahahahaha
Ela: Mas olha que o meu sonho tinha uma energia muito carregada, uma energia muito forte.
Eu: Como assim?
Ela: Não sei explicar, era uma energia muito forte mesmo.
Eu: Mas uma energia negativa?
Ela: Não, nada disso, muito pelo contrário. Acredito que este ano ainda te vai acontecer uma coisa muito boa!
Eu: ...... ;))) Obrigada. Estava mesmo a precisar de ouvir isso.

domingo, 3 de março de 2013

Fodei-vos

Strangely compelling


Quando me perguntam se está tudo bem digo sempre que sim. Aliás,  agradeço que não me estejam sempre a perguntar por novidades e coisas da minha vida e o caralho, que não me apetece mesmo nada falar sobre isso. Deixei de conseguir falar sobre isso, porque é o mesmo que estar a tentar explicar a um cego o que é uma árvore ou a um surdo qual o som da música. A pessoa diz-te que sim, que entende, mas não entende coisa nenhuma e faz um esforço para manter a preocupação contigo, que não passa já de um cansaço extremo de te ver com essa merda de neura.
Então mais vale pôr um sorriso na cara (e nisso eu sou boa, mas muita boa), fazer conversa de café (ah sim? que bom! curioso! Boa! Fazes bem! E agora?), dizer que sim a tudo, chegar a casa, meter-me dentro da banheira, tomar um duche, cagar de alto nas coisas que não te correm bem e interiorizar aquilo que os outros tão facilmente te dizem: energias positivas, boas, e blá blá bláaaa. 
Se tudo isto não resultar gritas para toda a gente ouvir e soltas um foda-se. 
Aliás, se eu pudesse diria mesmo: fodam-se!


Dedicado a todos aqueles a quem me faltou a coragem para lhes dedicar esta homenagem em tempo útil. Ter-me-iam poupado estes minutos de escrita, se eu própria não fosse tão conas de vez em quando.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Tás linda, tás...

Qual é a probabilidade de alguém se interessar por ti, depois de ter ter rebentado um herpes no lábio inferior, por causa desta merda de frio, depois de terem feito uma queimada junto ao teu local de trabalho e saíres a cheirar a acampamento cigano, depois de teres tentado tapar com uma base duas borbulhas que não teimam em desaparecer?

O universo hoje olhou para ti e disse: tás tão fodida, menina!
E eu já só me dá para rir!