domingo, 16 de junho de 2013

Das possibilidades

Tenho por hábito ter pássaros. É o único animal de estimação que tenho. Às vezes olho para ele e tenho pena de o ver ali fechado na gaiola durante toda a sua vida. Ele não saberia viver de outra maneira porque nunca lhe foi mostrado isso. Está habituado a ter comida, água e um espaço dele. Digamos que não precisa de mais para viver, mas vive enclausurado. Quando lhe limpo a gaiola, deixo muitas vezes a porta aberta. Nunca, por momento algum ele se mexeu para sair, mesmo eu ficando a olhar para ver se ele sai. 

Quanto estou a limpar a gaiola dele revejo-me naquela vida, naquela modo de vida. Quantos de nós, aprisionados àquilo que achamos ser suficiente para viver, acabamos limitados numa gaiola que nos fornece o básico, o essencial, o que achamos que é suficiente? Quando nos abrem as portas para que possamos sair e ver novas perspectivas nem consideramos essa possibilidade. Não sabemos o que está do lado de lá. E o lado de lá pode bem ser pior do que aquele que já conhecemos. Ou não! Ou não! Mais dia, menos dia passo-me para o lado de lá. 

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