domingo, 1 de julho de 2012

Home sweet home



Está quase a fazer dois anos que me mudei para esta casa. Esta casa, que não sendo minha porque apostei no arrendamento ao invés da compra, sinto-a como se fosse minha. É desde então o meu porto de abrigo. Construí-a muito lentamente porque o processo foi individual. Trouxe o que pude da minha anterior casa e tudo o resto fui comprando, devagar e à medida dos meus gostos e opções. Hoje é o meu porto de abrigo, o sitio onde me sinto realmente bem. Uma casa que é mesmo uma casa. A minha casa.
Assim que entrei nela, gostei. Não é luxuosa e nem tão pouco grande. Mas gostei do espaço e gostei de saber a história a que esta casa já tinha assistido. E pelas boas energias que ela emanava optei por ficar com ela.
Hoje é aqui que me sinto bem. Sinto que este sítio testemunha muito do que eu sou e do que acredito. Testemunha as pessoas de quem eu gosto porque a porta abre-se mais vezes para estas do que para quaisquer outras pessoas. Testemunha os meus estados de espírito, as minhas alegrias, as minhas ansiedades, as minhas tristezas. Testemunha os meus gostos, o que eu gosto de ler e que filmes gosto de assistir. Testemunha a partilha e o convívio. Testemunha o carinho com que algumas amigas me trataram aquando da minha mudança. Testemunha os meus amores e desamores. Testemunha as pessoas que fazem parte da minha vida e testemunha as que não continuarão a fazer parte dela. Testemunha os meus vícios e a minha preguicite aguda. Testemunha um pouco daquilo que eu sou enquanto cá estou.
Se esta casa falasse teria mais para contar do que eu. Porque ela assiste a tudo na primeira fila. E retém, nas suas paredes todas as lembranças. Já eu, deixo pela metade aquilo que quero lembrar. Tento guardar as coisas melhores e mais positivas que já vivi deste que aqui estou e às outras hei-de lembrar-me que antes de escancarar a porta é melhor deixá-la entreaberta e abri-la com muita precaução. Porque afinal não é só uma porta de casa que se abre, mas é a porta da nossa vida que se abre em simultâneo. E ao contrário da porta de casa, esta última é bem mais difícil de fechar.

Sem comentários:

Enviar um comentário